#DDS: Papo sério
11:00Eu tinha um DDS pronto pra hoje. Cheio de coisas aleatórias e lindas como trailers de filme e casamentos românticos. Mas eu não pude ignorar que durante esses dias aconteceram coisas que não deviam ter acontecido. Coisas que afetam as nossas vidas, mesmo que muito distantes. Quem é mulher (homem também, claro), não pode ficar alheia a tudo que está acontecendo ao redor do mundo.
No Brasil, temos Beatriz. Ela tem 16 anos. Ela gosta de festa. Ela namora. Ela foi estuprada por 33 homens. Ao mesmo tempo. Ela saiu de casa pra se divertir, foi pra casa de um ficante, apagou e quando acordou viu dezenas de homens em cima dela. Em depoimento nas redes sociais, ela diz palavras que doem em quem ler: "Não dói o útero e sim a alma". No meio de inúmeras mensagens de apoio e de revolta contra os criminosos, algumas pessoas a culpam. Tava aonde? Vestindo o que? Com quem? Se não andasse nesse tipo de ambiente não teria acontecido. Isso, meus amores, se chama cultura do estupro. O povo brasileiro tem essa mania feia de colocar o peso sobre os ombros da vítima, de famosos, de pessoas em volta, de todo mundo, menos do agressor (ou nesse caso, dos agressores). Os homens se preocupam com a generalização, ao invés de se preocupar em pegar os desgraçados que violaram mais do que o corpo de Beatriz. Chorei muito por ela esse feriado. Acabei vendo umas fotos do estupro na internet (sim, os ridículos filmaram e postaram na internet) e me arrepiei na hora. As lágrimas desciam e eu nem sabia porque. Depois de ler alguns textos no facebook, eu percebi. Foi com ela, mas podia ter sido eu. Eu que ando na rua de short e me sinto mal passando por um grupo de homens. Eu que venho rápido pra casa por medo de andar na rua. Podia ter sido com minhas amigas, minhas primas, minha mãe e até a filha que um dia eu vou ter. Foi com Bia, mas foi também com todas nós. As mulheres do Brasil sentiram a dor de Beatriz e não vão se calar diante dos machistas que fazem piadas nojentas, que culpam a vítima, que não aceitam um não como resposta, que continuam mesmo com a menina inconsciente. Quanto aos que não se encaixam nesse grupo, relaxem e lutem com a gente. Lutem por um mundo onde eu e todas as outras meninas possam andar na rua em paz. Por favor, lutem!
Internacionalmente falando, tão rolando boatos de que o motivo do divórcio de Johnny Depp e Amber Heard seria uma agressão. Eu tinha até citado a separação nos destaques originais, mas até então a causa eram diferenças irreconciliáveis. Só que vazaram fotos dela cheia de hematomas e uma ordem de restrição contra o ator. Eu só queria citar isso, porque você nunca espera isso vindo de um ator que você admira. Estamos em época de estreia de Alice Através do Espelho, filme estrelado por Johnny, e minha maior emoção era ver um dos meus profissionais favoritos atuando. Hoje não é mais. Eu vou assistir o filme e lembrar que ele foi covarde e violento. Não queria, mas vou. Por favor, não vamos ignorar esse acontecimento só porque ele é famoso e talentosíssimo. Vejam isso como uma violência doméstica e se solidarizem com Amber e com todas as mulheres que são agredidas diariamente, física e psicologicamente.
Hoje eu peço que vocês se juntem nessa luta comigo e com várias mulheres ao redor do mundo. Vamos nos juntar pra acabar com todo e qualquer tipo de abuso sofrido pelas mulheres ao redor do mundo. Não admita piadas de mau gosto, relacionamentos abusivos, aproveitamento de meninas bêbadas na balada, grite! A união faz a força e eu conto com vocês. Mil beijos!
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“Quando Deus muda nossos planos é porque algo vai melhorar. Confie.” Salmo 37.5