Minha transição capilar

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"Você é má, grosseira, ridícula e de cabelo cacheado. Eu não gosto de você!" Essa frase eu tirei de um filme que assisto desde novinha, De Repente 30. Na legenda, o certo é cabelo feio, mas na dublagem eles trocaram isso. Porque cabelo cacheado vira sinônimo de feio? 



Eu nasci com o cabelo bem cacheadinho, o que não é raro. Muitas das minhas amigas tinham cachinhos quando crianças e depois foram perdendo aos poucos e naturalmente. Mas depois de um tempo, só sobrou eu com aquele tanto de cacho e de volume no cabelo. Vários fatores me fizeram tomar a decisão de alisar o cabelo com os mais variados procedimentos químicos: falta de representatividade na televisão, no cinema, na música (pelo menos as que eu ouvia), na escola e até na família. Quando pequena, minha mãe tinha o cabelo bem cacheado, e era aquele cacho bem definido, lindo. Mas quando eu nasci ele já era alisado faz tempo, eu nunca cheguei a ver. Ela não esconde que não gosta de cabelos cacheados e crespos, nem nela e nem nos outros. Quando eu me vi sozinha, no meio um monte de gente com aquele cabelo liso e baixinho, a impressão que deu foi a de que o cabelo de todo mundo era o certo e o meu errado. No meio de um monte de problemas que eu tava passando na época, eu decidi, aos 8 anos de idade, que queria o cabelo liso como o de todas as outras meninas. Daí começou a peregrinação pelas várias químicas existentes no mundo. Comecei com o relaxamento, só pra tirar o volume, depois fui pra inteligente, alisamento, progressiva, e umas que eu nem sei o nome. Nada foi do jeito que eu pensava, na minha cabeça de criança tudo que eu precisava fazer era aquele processo e nunca mais ia precisar fazer nada, nem escova, nem chapinha, nem nada. Acabei refém de salão, sem poder sair sem escova, sem poder tomar banho de piscina pra não cair a escova, e quando chovia era um Deus nos acuda. Nossa, se alguém tivesse me dito tudo isso antes de começar com as químicas. A ideia de voltar pros cachos foi se formando aos poucos na minha cabeça, mas ficar com o cabelo natural enquanto ele crescia de novo me assustava muito. 



Até que um dia eu fui dormir na casa de uma amiga no sábado, acabei molhando o cabelo e como no domingo não tinha como fazer escova tive que ir pro colégio com o cabelo natural na segunda. Ai meu Deus, que medo que me deu. Lavei o cabelo no domingo, fiz uma trança pra dormir e fui na fé. Como eu só tinha feito uma trança, ele não ficou definidão nem nada disso, mas deu pro gasto, e como só o que me faltava era a coragem, depois desse dia eu comecei oficialmente minha transição. 



De lá pra cá eu passei por muitas técnicas de texturização: duas tranças, trança embutida, fitagem, plopping, além de vários produtos testados. Cortar o cabelo também é essencial, já que a parte alisada tem que ir embora. Como eu gosto do meu cabelo longo, eu opto por não fazer o big chop e vou cortando aos pouquinhos, com muita dor no coração. 



Já faz um ano e dois meses que eu comecei o processo mais importante da minha vida e o caminho pela frente ainda é longo, tanto na aparência quanto na minha autoestima. Hoje eu estou na minha melhor fase, descobri técnicas e produtos que dão certo pra mim e meu cabelo ta cada dia mais natural, e se Deus quiser daqui pra frente só vai melhorar. Se preparem que vem muito post por aí sobre isso, espero que vocês gostem e acompanhem junto comigo essa transição que ás vezes é tão complicada mas também me da muita felicidade. 

Brigada por ouvirem meu desabafo, to cada vez mais confortável por aqui. Se alguém tiver alguma coisa pra dizer, comenta aqui embaixo que eu vou adorar. Mil beijos!

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“Quando Deus muda nossos planos é porque algo vai melhorar. Confie.” Salmo 37.5

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